Tudo no lugar certo

Tudo está no lugar certo. Absolutamente tudo no Universo está no lugar certo em que deveria estar. Não há erros, enganos, distrações. Se Você encontra algo onde não esperava, não culpe a ninguém, este é o resultado justo que deveria ocorrer. Depois de publicarmos este texto sexta-feira, recebemos alguns questionamentos. Como pode-se dizer que está no lugar certo algo que...
.. foi deixado ali por descuido, desleixo, má vontade?



Esta é a questão, não existem estes adjetivos. Por mais que isto possa incomodar. Tive alguns colegas de trabalho que não tinham cuidados com as coisas comuns. Algo como re-arquivar fichas retiradas de arquivos, colocar os ofícios para serem lidos nas pastas corretas, etc.

Em primeiro lugar este tipo de comportamento, ou este tipo de pessoa que tem este comportamento foi atraído por mim para minha vida. Esta é a parte fundamental da questão. Mas na sequência, o fato de não recolocarem nos locais 'corretos' (segundo o entendimento comum) as coisas, é devido ao fato de que elas devem ser encontradas, na verdade, onde eles colocaram.

Isso mesmo, algo como 'eu não deveria encontrar aquele ofício' ou 'os documentos para a próxima reunião'. Por vezes, por mais que não achar documentos possa perturbar, é um bem para nós que isto aconteça. Aliás, com certeza é, por isso não os encontramos.

E dou um exemplo: certa vez, atuando como Consultor junto a uma entidade nacional, tinha que fazer uma palestra para alguns empresários. Algo pequeno, não mais que 100 pessoas. Preparei tudo, power point, solicitei o tal do datashow, ensaiei tudo e, de quebra, fiz algumas lâminas para retro-projetor. Sabem como manda o bom senso do precavido: e se algo der errado, tem as lâminas. Coisas como o PC não funcionar, o power point dar pau, o datashow queimar a lâmpada.

Tudo estava corretíssimo, plano A e B. O que ocorreu? Minha secretária não colocou na pasta nada dos documentos. Isto, nada mesmo! Nem as lâminas, nem o arquivo em CD do power point. Viajei 130 Km e, ao abrir a pasta já no auditório, que grata surpresa: nada!

Pânico inicial, faltavam apenas 45 minutos para a palestra. Logo as pessoas começariam a chegar. A encarregada local pelo evento entrou em contato com minha secretária, muito embora já fosse noite e ela estivesse em sua faculdade. De nada adiantou, não lembrava de ter ou não colocado. Ou melhor, 'claro que coloquei tudo lá...'. Foi o que ela disse. E agora?

As pessoas começaram a chegar, alguns vinham cumprimentar, eu sem saber ao certo o que fazer. A encarregada pelo evento levantou a hipótese de cancelar, dar alguma desculpa e cancelar. Eu disse que não: vamos fazer o evento!

E foi o que fiz. Me retirei, rememorei tudo o que havia planejado falar, tudo o que era pertinente ao momento, fiquei em silêncio apenas esperando que ela me chamasse.

Ao entrar no palco, após os cumprimentos iniciais, alertei aos presentes (a maioria já conhecia e sabia dos padrões de apresentação da entidade) que faríamos a palesta daquela noite diferente do habitual: eu iria discorrer sobre o tema inicialmente de forma sucinta e depois estava aberto a perguntas para aproximar mais os interesses. Algo que fugia aos padrões, ao invés de somente eu expor o tema, daria espaço para a participação de todos.

Falei metade do tempo, em muitas situações instigando os presentes para levantar dúvidas e curiosidades, e abri espaço para perguntas. O evento ultrapassou a hora e trinta prevista em mais de uma hora. Tivemos que marcar outro encontro para seguirmos com o assunto. O sucesso foi tão grande que no outro dia recebi chamadas de pessoas de hierarquia mais alta da tal entidade me cumprimentando e pedindo que eu documentasse a nova forma de fazer tais encontros pois tinha sido um sucesso. E iriam implantar em todas as regionais.

Ah, minha secretária? Agradeci muito por seu bom tabalho. No início ela ficou preocupada, temerosa de ser demitida pensando que eu pudesse estar ironizando a situação. Depois que contei o ocorrido, ela entendeu o que de fato fez. O resultado de sua ação, foi uma nova forma de fazer as tais palestras da entidade. E eu? Fui incumbido de dar treinamentos para os demais consultores da entidade pois uma nova metodologia estaria sendo implantada.

E tudo porque minha secretária 'esqueceu' de colocar algo na minha pasta. Será? Isto é muito pouco para aceitarmos a palavra coincidência, ou lapso, ou descuido. Isto foi o que deveira ter sido. A manifestação de meus pensamentos em relação a melhorar coisas em meu trabalho, a vontade de mudar o que já existia, sei lá. Não lembro muito bem dos fatos anteriores, mas lembro que havia dito à minha sócia que o trabalho ligado àquela entidade andava muito enfadonho: algo tinha de melhorar. E melhorou!

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